sábado, 20 de novembro de 2010

Estudar, apesar da deficiência física


Para quem possui algum tipo de deficiência física, a locomoção até o local de estudo se torna muito difícil. Há calçadas esburacadas, o meio fio é alto e nem todo motorista de transporte coletivo para e tem paciência para esperar enquanto o passageiro sobe com a cadeira de rodas.

A rotina de um estudante cadeirante é mais complicada do que muita gente pensa. Porém, na maioria das vezes, a persistência vence. Como é o caso do estudante da Fundação de Apoio à Escola Técnica -
FAETEC, Marcelo Vasconcelos, de 17 anos. “É complicado, eu enfrento um leão por dia nas ruas, mas se não fizer isso não me formo.” Morador da Zona Norte, Marcelo tem que sair de casa mais cedo que os demais colegas para não perder o ônibus que dá acesso à cadeira.

Complicado também é para o acompanhante. Marcelo conta com a ajuda de sua mãe, a enfermeira Lucy. “Como trabalho em esquema de plantão me facilita, mas quando não posso acompanhar o Marcelo, é o meu marido que o faz.”

Segundo Sandra Corrêa, professora de Marcelo, sua deficiência não impede em nada o seu aprendizado. Pelo contrário: ele é um dos melhores alunos da classe. “Ele sempre senta na primeira fileira e não desvia a atenção por nada, suas notas sempre foram ótimas”, declara.

A representante de cosméticos Rosemere Dantas, 35 anos, sente na pele o preconceito em relação à sua filha Lara, sete anos, cadeirante e deficiente mental. “A Lara vive em outro mundo e, com isso, não entende quando as pessoas olham para ela e dizem ‘tadinha’. Minha filha é uma criança como outra qualquer e eu quero respeito.”

Rosemere enfrentou dificuldades para conseguir um colégio que aceitasse sua filha e, com a demora, Lara perdeu um ano de estudos. “Ninguém a aceitava. Foi uma batalha encontrar um lugar bom que não tivesse tanto preconceito.”

Mas tudo indica que a inclusão de deficientes físicos e mentais deve acontecer, mesmo que aos poucos. Afinal, o Brasil é um país onde ser diferente é normal.

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